Estamos metidos numa embrulhada de todo o tamanho.
Todos vamos tendo consciência das dificuldades que o país atravessa. Todos (ou quase), temos dúvidas do que o futuro nos reserva.
Na passada sexta-feira, o Primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, teve uma reunião importante em Bruxelas. Estava em viagem quando o ministro das finanças, Teixeira dos Santos, anunciou ao país uma série de medidas que visam assegurar o cumprimento das metas orçamentais até 2013. Por um lado algumas medidas para aplicação em 2011 e por outro, linhas de orientação para o PEC 4.
Até aqui, tudo bem menos mal, isto é, dentro do que é habitual neste governo: de manhã diz que a execução orçamental está a correr bem, à tarde anuncia medidas adicionais para atingir os objectivos propostos.
Mas a verdadeira porcaria vem depois, conforme o dia avança, vamos sabendo:
- O Presidente da Republica não foi informado;Que a Assembleia da Republica não foi informada;Que os Parceiros Sociais, com quem o governo está a negociar, não foram informados;Nem mesmo a maioria dos ministros deste governo sabiam
O génio (Sócrates) negociou tudo pela calada!
Conforme a informação chega, lá vamos percebendo a razão de tanto secretismo e o motivo para o grosseiro erro político do génio.
Na realidade, soubemos sexta-feira que a tal reunião em Bruxelas foi um êxito, e que se abriu uma janela de oportunidade do Fundo Europeu comprar dívida aos países membros do Euro. (Coisa que o Banco Central Europeu tem feito indirectamente).
Para que não haja duvidas, publico agora a transcrição de uma escuta telefónica ao primeiro-ministro (como ele estava em Bruxelas, a escuta é válida):
ZÉ: Toni, eh pá, isto tá porreiro pá! Isto já dá para nos safarmos pá… Só espero que esses XXXXXXXXX de Lisboa não me venham com paneleirices.
TONI: Então Zé, safámo-nos mesmo?
ZÉ: Tá tudo bem encaminhado pá. Até consegui que os gajos façam umas declarações de apoio.
TONI: Oh Zé, tu vê lá isso. Olha que esta XXXXX tá no limite, tu viste os juros de hoje (8% nos títulos a 5 anos)? Estão quase nos 7% que eu defini como barreira do aceitável…Eh, Eh, Eh.
ZÉ: Oh Toni, tu não me lixes! Inventa qualquer coisa mas não podemos morrer na praia pá. Temos que aguentar até Abril para estrearmos as novas regras do fundo Europeu e assim safamo-nos do FMI… Com jeitinho ainda ganhamos mais umas eleições! Oh pá ainda vamos ter uma avenida com o nosso nome, Eh, Eh!
TONI: Oh Zé, não sei pá... Quem é que vai pagar os juros, pá? Tu vê lá se os gajos dão umas entrevistas para acalmar os mercados. Se não, não sei…
ZÉ: Tá tudo tratado… E essa XXXXX dos juros, quem vier atrás que se lixe…
TONI: Oh Zé, já agora pá, estes parvalhões de cá tão todos chateados de não termos avisado os gajos.
ZÉ: Oh Toni caga nos gajos…Eu depois encosto-os à parede. Esses não mandam nada! Tenho que ir pá, depois eu ligo…
Fica claro que o grande objectivo do nosso governo é hoje escapar ao FMI, nos termos do apoio à Grécia e Irlanda, rezando para que o país aguente de modo a ser ajudado pelo Fundo de Estabilização Europeu (em termos a conhecer).
Como explicou ontem, numa fantástica comunicação à nação (o artista é um bom artista!), isso da forma não interessa nada. O País está numa luta pela sobrevivência: obter o dinheirinho para ir andando, mesmo que para isso se hipoteque o futuro. Quem vier atrás que feche a porta.
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