quarta-feira, 16 de março de 2011

COMUNICAÇÃO DO PRIMEIRO-MINISTRO - REACÇÃO 2

DO PEC AO PREC 
16/03/11 - Carlos Marques de Almeida - ORIGINAL: AQUI

Portugal vive esmagado pelo Governo de Sócrates. Com planos de emergência a um ritmo avassalador, o Governo não tem programa, rumo ou orientação, tudo se resume pois à gestão quotidiana de uma catástrofe financeira que pode desabar a qualquer momento.

Os portugueses vivem debaixo de uma avalanche de austeridade, vivem uma revolução silenciosa que toca todos os sectores da sociedade. Para agravar a situação, Sócrates entende os portugueses como moeda de troca nas negociações em Bruxelas, entregando o País a um futuro precário e inferior. O Governo já não tem políticas para além da sobrevivência. Sócrates é fraco na Europa para ser forte em Portugal, só que o jogo é um esquema em pirâmide à beira de uma explosão.

A divulgação do último PEC faz o pleno do odioso. Primeiro, os planos de austeridade servem para afirmar a soberania nacional e evitar a humilhação de uma intervenção do FMI. Depois, os planos de austeridade são parte de uma estratégia para garantir a ajuda do Fundo de Estabilização Europeu em moldes mais flexíveis e ao gosto do primeiro-ministro. O PEC é tudo e o seu contrário, mas é sobretudo uma arma apontada aos portugueses e uma armadilha para a oposição. O PEC é a precariedade do futuro e uma hipoteca sobre as perspectivas de Portugal como País desenvolvido. O PEC é a política da miséria e a miséria da política.

Neste último PEC, o primeiro-ministro trata Portugal como propriedade privada do Governo. Sócrates humilha Cavaco Silva, ignora o Parlamento, abandona os parceiros sociais e apresenta-se como único defensor do interesse nacional. Com o PEC, Sócrates afasta-se da ideologia do PS de forma irreversível. Mas será que o Governo ainda é do PS? Com o congelamento e o corte nas pensões, o argumento da defesa do Estado Social na boca do Governo é cinismo e oportunismo político. O PS defensor do Estado Social só pode estar contra este Governo ou então é cúmplice da mentira e do fracasso.

Sócrates conduziu a democracia portuguesa para o absurdo de uma ditadura da minoria. Na humilhação do Presidente, na chantagem à oposição, no desprezo pelos portugueses, Sócrates revela uma personalidade política inflamada e a tocar a arrogância natural de um déspota iluminado. Os portugueses não se vão reconciliar com o primeiro-ministro do mesmo modo que não se vão reconciliar com a turbulência da imobilidade e do atraso.

Os portugueses precisam de uma ideia política para o futuro e de um novo espírito para enfrentar a mudança radical e contínua de que o País necessita. Esta transformação exige uma frente política alargada, legitimada em eleições e com um programa de refundação da democracia. Os portugueses não têm de temer a crise política, os portugueses têm de temer sim um futuro de fracassos, de ressentimentos e de prolongada inferioridade. Sócrates não esgota Portugal porque existe um País depois de Sócrates.

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