O oráculo
Quando os partidos políticos se esgotam, organizam congressos para velar os seus defuntos líderes, e não para ver o futuro.
Foi isso que sucedeu este fim-de-semana. O mais grave é que este PS continua a considerar Sócrates como um oráculo. Acredita que o seu líder tem uma ligação directa aos deuses ou, no mínimo, é uma sua reincarnação. Cada partido acende velas a quem quiser, até para iluminar a escuridão intelectual em que vive, mas a relação esquizofrénica dos socialistas com um líder que conduziu Portugal para o abismo seria um dilema estimulante para Freud.
Sócrates devastou o País e calou o PS. Chamou a isso paz. O resultado é uma economia fragilizada como nunca, uma dívida externa brutal, uma geração perdida, um futuro invisível. O curioso é que tudo isso nem foi feito em nome do socialismo. Foi feito, unicamente, em nome do poder pessoal de Sócrates e do seu clube privado de amigos. Sócrates sai do congresso como líder. Mas como será possível, no âmbito de um compromisso histórico entre os principais partidos portugueses, a EU e o FMI, governar com Sócrates dentro de limites de entendimento? Vença ou perca as eleições, Sócrates será um elemento destabilizador. O PS terá um grupo parlamentar à imagem e semelhança do seu líder. O PS que existe já não é uma "esquerda light". É um partido sem ideologia, sem ideias para além de sobreviver no barco do poder. Dependente de um líder que diz uma coisa num dia e outra no outro com a mesma convicção. Este congresso foi o toque de finados para este PS. O problema é que está feliz com este luto sem sentido.
É tão evidente que incomoda....
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