quarta-feira, 23 de março de 2011

É a política, estúpidos

Helena Garrido (AQUI)

Todos os protagonistas políticos se estão a mover para a antecipação de eleições, e eleições vamos ter. É uma loucura à luz da situação financeira do País. É a política na sua pior versão, estrangulada e condicionada pelos seus próprios jogos de poder e em busca da desresponsabilização. 

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Pedro Passos Coelho e José Sócrates, na oposição ou no Governo, passam a poder culpar-se um ao outro pelo pedido de ajuda financeira. E quem vier a ser Governo terá margem para adoptar medidas de austeridade ainda mais violentas do que as já previstas. Porque há quem culpar: foi o outro que não fez, ou que não deixou fazer.

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José Sócrates desencadeou a tempestade política.

Com erros e omissões, premeditados ou não, Sócrates criou a dinâmica de crise política em que estamos. Não deu, nem ao líder do PSD, nem ao Presidente da República, uma única saída para salvarem o Governo e o seu PEC IV.

Sócrates tinha de saber que Pedro Passos Coelho não podia ceder pela quarta vez. E se não sabia isso, sabia que voltar à carga com medidas que já tinham sido colocadas de parte na negociação do Orçamento significaria sempre um furioso "não" dos social-democratas.

Toda a dinâmica criada com ou sem intenção por José Sócrates culmina com o facto de não dizer nada ao Presidente da República sobre as novas medidas de austeridade. O primeiro-ministro deu ao Presidente da República razões objectivas de falta de confiança política. E assim fica também o Presidente sem margem para evitar eleições antecipadas.

José Sócrates quis eleições antecipadas. Poderá agora culpar o PSD pelo pedido de ajuda financeira que estava a chegar. Como o PSD o poderá culpar a ele. O primeiro-ministro brincou com o fogo que nos vai queimar a todos. Haverá um PEC V bastante mais violento que o IV. É a política.

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