terça-feira, 29 de março de 2011

A POLÍTICA QUE NÃO SERVE O POVO

Estamos numa embrulhada de todo o tamanho.

Os compromissos financeiros que o estado Português tem para honrar no futuro próximo, podem ditar a “morte” anunciada: FMI. A Europa (Alemanha e França) começa a deixar cair mais este PIG. E se ainda não caímos é porque eles têm medo da Espanha e do Euro.

De acordo com o Diário Económico, o ministro das Finanças alemão espera um pedido de ajuda de Portugal ao FMI e à Europa em Junho. Adorável é o comentário: “Oficialmente, Angela Merkel evita a todo o custo parecer estar a pressionar Portugal”.

Infelizmente, basta olhar para os factos para reconhecer que a coisa está negra. Os especialistas dizem mesmo que, após o anúncio do montante necessário para Portugal, 75 mil milhões de Euros, anúncio feito na passada semana pelo primeiro-ministro luxemburguês e presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, a história ficou contada. Só isso justifica que as contas já estivessem feitas!

Podem os políticos Portugueses dizer o que quiserem, que desta já dificilmente nos safamos. O Sr. Andrew Bosomworth, (Um dos Srs. “mercados”), afirma mesmo que “neste momento, faria sentido Portugal recorrer ao fundo de resgate de forma a conseguir empréstimos para financiar a dívida que vai vencer”

Ainda assim, ao que tudo indica, o estado português já terá garantido o dinheiro necessário para sobreviver até Junho. De contrário, dificilmente o Presidente da Republica poderia aceitar a demissão do governo e dificilmente o ministro alemão avançaria datas.

Por cá, vamos tendo mais do mesmo. Politiquice barata!

Indiferente (ou talvez não) à difícil situação do País, o Sr. Primeiro-ministro suspendeu a democracia e avançou com a propaganda, dando-se mesmo ao desplante de sair da assembleia da república aquando da discussão do PEC4; e tudo ainda a tempo de ser a vítima desta história mal contada.

Já o Presidente da Republica errou, não no discurso de tomada de posse, mas muito antes, só que aí, não tinha condições políticas para pôr o dedo na ferida, afinal ainda tinha umas eleições pela frente.

A propósito do discurso de tomada de posse do presidente, convém reconhecer que foi duro para o governo. Não teve a delicadeza de outros tempos, pelo que me arrisco mesmo a dizer que o Presidente da Republica tinha conhecimento, não oficial, da existência de certas negociações. De qualquer modo, a bem dos necessários consensos, deveria ter sido mais brando, até porque o tal discurso da verdade ficará para segundas núpcias.

Sim, infelizmente o nosso regime não valoriza a verdade! 

Infelizmente, como o confirma a pressa em comunicar ao país que as contas públicas não serão auditadas, o povo não merece conhecer a verdade antes de exercer o direito ao voto que está na base do regime. A partir deste ponto, é-me permitido pensar que está tudo bem pior do que nos é dado a conhecer.

Pelo meio, vários sinais perturbadores. 

O PSD, que quer ser governo, dá sinais contraditórios, pondo-se a jeito das críticas do PS. Neste momento, não transmite segurança e o episódio da suspensão da avaliação dos professores, por justo que seja, deixa muito a desejar. Alguns responsáveis do partido andam quase histéricos, não se apercebendo que o “pote” está seco!

O PS, está moribundo. Anestesiado pelo veneno do poder não consegue dizer mais do que “Como foi possível fazerem isto ao País?” Ou talvez consiga. Com o governo já pré-demissionário, lá conseguiu aumentar os limites dos contratos públicos por ajuste directo. Tudo normal nesta república das bananas.

E os senadores? Tudo como antes…

O Dr. Mário Soares, que muita gente vê como referência, confesso que eu nem tanto, anda aos papéis. Teve um artigo no Diário de Notícias, “Um apelo angustiado”, publicado no dia 22 de Março, no qual tentou claramente condicionar o Presidente da Republica, sugerindo que este poderia evitar a “catástrofe anunciada”, esquecendo em absoluto todo o contexto político em que vivemos. Com este artigo, Mário Soares condicionou decisivamente a actuação do Presidente da Republica, independentemente de ter razão acerca do vazio de poder que nos espera num período tão decisivo.

Já hoje, o mesmo Mário Soares, volta ao Diário de Notícias com o artigo: “A demissão consagrou-se”. Um bom artigo que deveria dar muito que pensar. Ataca o presidente, dá uma alfinetada ao governo para a seguir o defender, ataca o PSD, o CDS e os partidos da “esquerda radical”, palavras dele.

Mas o melhor, vem depois (cito):
As culpas da União
2. Se há, nesta e noutras crises - financeira, económica, política, social e de valores - quem tenha culpas graves no cartório, como os espíritos lúcidos e independentes perceberam há muito, é a União Europeia e a fraqueza das suas instituições e lideranças: a Alemanha, da chanceler Merkel, a França, do Presidente Sarkozy, e a maioria dos líderes ultraconservadores que, nesta fase crítica, governam a esmagadora maioria dos Estados europeus.

Só lhe faltou dizer, como a namorada do primeiro-ministro, que o governo de Portugal aplica contrariado as políticas que o PSD gostaria de aplicar….

A crise financeira e económica actual - que está longe de ter passado - está a pôr em causa o neoliberalismo, que a maioria dos Estados europeus ainda não abandonou. O que implica rupturas urgentes...

Rupturas? Neste momento? Mas isso não era uma irresponsabilidade?

Acaba citando o artigo de Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia e professor da Universidade de Princeton, "A crise portuguesa e a política de austeridade” no qual o autor critica categoricamente as politicas adoptadas na Europa, em particular em Portugal, na resolução da actual crise da dívida.

A ideia até parece boa, mas o Dr. Soares lá se esqueceu: 
Há alturas em que, como ele bem sabe, é preciso “meter o socialismo na gaveta! Hoje não há espaço para ideologias. Não nos resta alternativa que não seja emagrecer para ir obtendo o dinheiro de que precisamos para viver. Não nos resta outra coisa senão empobrecer para pagar juros, e tudo isto porque os nossos governantes não quiseram ver as evidências, permitindo que nos endividássemos a um nível absolutamente absurdo, que resultou na inevitável perda de soberania.

Isto o Dr. Soares não escreve. Mas devia, porque enquanto o não fizer contribui para o país campeão do mundo na compra de telemóveis.

NOTA: O Dr. Soares também antecipa que as rupturas não se farão esperar por muito tempo e poderão ser mesmo violentas. Diz para porem os olhos no mundo

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