segunda-feira, 21 de março de 2011

Luís Campos e Cunha: Sócrates faz parte do problema, não da solução

O Professor Campos e Cunha, ex-ministro de Sócrates, numa artigo no jornal i, não poupa críticas ao governo:
  
Luís Campos e Cunha: Sócrates faz parte do problema, não da solução

Já no Blogue "Sedes", publica (AQUI):

Guião para uma tragédia 

Este é apenas um guião para uma tragédia. Para mais detalhes ver entrevista, dada na 5-feira, que saiu hoje, sábado, no “Jornal i”.
1 º Acto
O Primeiro Ministro sabe que não há condições para sair do atoleiro sem ajuda externa. As razões podem ser internas —execução orçamental, por exemplo— ou externas —a Chanceler alemã não está para o aturar mais.
2º Acto
Reunião com o ministro adjunto com a seguinte ordem de trabalhos: como sair desta? Como culpar a oposição da derrota de pedir ajuda externa?
Depois de matutarem, decidem: encostar a oposição à parede com propostas que sabem de antemão inaceitáveis e colocadas de forma afrontosa, para que a resposta imediata só passa ser claramente negativa. Dizer que a proposta é necessária e irrecusável para não haver pedido de ajuda externa.
Há necessidade de colocar o Presidente da República mal disposto com o Governo, por isso fazer a afronta de nem o informar. O mesmo se passará com o Parlamento.

3º Acto
A oposição (com ou sem ingenuidade) dá um rotundo “não”, porque foram confrontados com factos consumados e com medidas que no passado recente tinham sido afastadas em acordo anterior.

4º Acto
Com ar seráfico o Governo e o Primeiro Ministro diz (só depois da negativa formal e reafirmada da oposição) que a proposta passa a ser negociável.
Mais afirma que se houver crise governamental (crise política, na linguagem do Governo) a culpa é da oposição que não quiz negociar.

5º Acto
As medidas —indevidamente chamadas PEC-4— são chumbadas no Parlamneto e o Governo diz não tem condições para governar e demite-se.
O Presidente, face aos factos, anuncia a dissolução do Parlamento e eleições antecipadas nos prazos constitucionais.

6º Acto
Saem os dados da execução orçamental do ano anterior em que a situção é muito pior que o Governo tinha, dois meses antes, anunciado. Alternativa ou cumulativamente, a Chanceler alemã diz publicamente que está farta do País em causa.
Os mercados (ou seja, os credores do País) perdem a paciência e deixam um leilão de dívida “seco” e o País tem de pedir auxílio externo (Fundo Europeu ou FMI).

7º Acto
O partido do Governo acabado de cair culpa a oposição pela necessidade da ajuda externa. O Povo fica confuso e desconfia de todos os políticos.
8º Acto
Notícias de grande descontentamento popular, populismo a dominar a discussão política e movimentos não democráticos de várias matizes a arrastarem multidões.
Deixar em suspenso quem vai ganhar as eleições.


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